Pular para o conteúdo principal

Postagens

TAKE AWAY

  
Postagens recentes

3.0

Gostaria de ser tão criativa quanto o poeta Fernando Pessoa, que usou seu heterônimo e conseguiu um belo poema sobre o dia de seus anos. Embora, não consiga ser boa ao escrever sobre o dia que em todos os anos comemoro a chegada desses meus anos, hoje, exclusivamente hoje, acordei e me olhei no espelho de modo atento, perscrutando aquela imagem, que nunca reconheço. O que é o tempo? Não sei precisar. Sei que quando coloco um minuto no microondas para esquentar qualquer coisa para comer, ele parece desacelerar para assim me irritar e concluir que um minuto é muito para quando estou com fome. Mas, quando esse um minuto significa uma conversa no WhatsApp, coisa que não existia a uns anos atrás, parece que ele passa rápido, nem pisquei os olhos e a mensagem que enviei e aguarda resposta, está lá a mais de um minuto causando o mal de todos nos tempos de hoje: a ansiedade. Ok! Você dirá que perder a paciência com o minuto do microondas é ansiedade, concordarei. Só que quando es

- eu

imagem do filme corpo manifesto Na meia luz que fica quando a noite chega e me deito para ler, mesmo desatenta tive um irreconhecer de mim. Algumas fantasmagorias e impressões latentes sobre meu corpo bruxuleavam na retina, como marionetes no canto da lente da vida míope. Há momentos que não gosto dele, o corpo humano. Para mim, ele, parece um excesso, um lençol, ou melhor, uma roupa desarrumaa. Que com o passar dos anos vai criando dobras impossíveis de desfazer. Hoje em quanto eu lia, olhei para minas mãos, e assustada ocorreu-me que não era minha mão, que era algo encaixado, algo sem pertença e de outros. O lhei naquele instante para a minha mão e de algum modo o ângulo que estava o meu olhar ou a minha mão, desconheci. Vi a mão do meu pai diminuída para se assemelhar com os dedos de minha avó. E, por breves instantes cri observar que eram os dedos de minha avó numa mão reduzida de meu pai. Não me reconheci entre falange s. O estranho começou a chegar nos locais que

Uma bruxa mora no meu quarto

Demorei a perceber que me drenava as alegrias e apenas me engordava de palavras doces. Com seus cabelos branco neve, sua vaidade exagerada e uma irritante mania de crer que o mundo está contra ela. Assim, acabei por amá-la. Um erro poroso como sua pele, essa mesma pele que sempre salienta estar maltratada para explicar a vilania do mundo. No momento que abri a porta do quarto ela se instalou. Bem... falando desse modo, parece que a encontrei a beirada do portão implorando um prato de comida. Não foi assim! Ela sempre esteve aqui, antes mesmo do meu nascimento. E hoje, creio apenas ter nascido para lhe ser útil. Mas, não vou fazer tantas digressões, vou voltar ao “fado”: Ela mora no meu quarto. E seu prato de comida hipotético são todos os meus sentimentos. Que com voracidade ela baqueteia-se até que eu esteja esquálida de um substrato primordial chamado AMOR. Eu possuo, ela não ! Por isso, quando colérica me insulta, me espanca, me ameaça e eu, eu apenas paraliso. S

GEORGINA

Sentada em uma estação de metrô, que descera por estar nervosa e confusa com seu caminho, ela observa com um olhar alheio os passantes. Um bebê que berra, uma mulher exageradamente maquiada, um vendedor de bala nervoso para a chegada da próxima composição – Não é permitido comercio no metrô, mas todos fazem! Bastava apenas deixar o suspiro chegar e com ele o choro de seu desespero emergir. Bastava se entregar ao medo e a ansiedade que a consumia. Bastava... Mas, para ela não cabia o bastava e principalmente, não se permitiria sucumbir aos sentimentos estrangeiros que os caminhos errôneos nos sobrepõe. De modo despretensioso, ela retira da bolsa o que a distingue dos outros passantes ou não, da estação. Ela pega seu batom cor amora e em um movimento preciso que diz ao mundo: - Não estou perdida. Ela passa-o nos lábios aquela cor frutada que diz muito sobre sua personalidade. Pois existe uma intenção que pessoa alguma pode captar e mulher alguma pode repetir. P

fragmento para Bom Jardim...

“(...) sabes, eu vou morrer. Com todo o carinho que me tens devolvo-te agora. ” Assim, pelo fim que começo a notar a mosca grávida do tempo, mas não cheia de suas liberdades e de seu mosquear. Ela está presa, presa naquele olhar anguloso, felino e predatório, que se transforma em várias garras e dentes, no seu olhar prismado. Comecei a me pôr no lugar do seu gato, tentando apreender o cheiro da chuva que deixou o tempo abafado, no seu 18 de janeiro de 2017. Por onde será que andou esse envelope, ou o olhar contemplativo do autor da carta. Eu sei que o meu persegue a mosca, a mosca descrita no papel, o gato que a percebe e a casa de plástico, onde o rapaz não me descreve como é, pois não há algo impactante para se revelar do espaço. O impactante é ele! Estou enferrujada com as letras, escrever virou algo doloroso e dolorido, os ex-amores me engessaram, pois descubro que tudo que amo acaba sendo de um impacto na vida do outro, tiro de mim os tijolos para construir a paz de

Soldado

não há necessidade todo dia é dia a guerra  faz feridas  atômicos corações  Granadas no meio do peito o miocárdio  implode tudo  eu, doloroso fantasma de amores ilusórios.