Era a vontade pungente de amor que movia os corpos nas ruas do Centro. Desiludidos, machucados e feridos, eles se inteiravam da dor do outro, da falta de completude, da vontade de completar-se de passado. O olhar seguia a silhueta que ele fazia. Alta esguia e triste, do seu peito deflagravam cores, fortes que a arrebentavam. Tiros de cor: vermelhos, verdes, lilases, mas sempre com uma força bruta de uma besta faminta. A cabeça sempre explode a essa primeira lembrança, pois flanando silenciosos entre as ruas de pedras portuguesas, suas ausências gritavam mais alto que o zumbido dos passantes. Só que gritavam pra ela, apenas pra ela. Pois nele ela não entrava, não era, ele, invadido.O silencio que permeava as passadas só acentuava a vontade dela de fugir. Mas o silencio dele sufocava, pois pintava. Estava virando tinta aos olhos inquiridores de sua observadora. No olhar que ele desviava sempre e na timidez que ambos nutriam.