Pular para o conteúdo principal

Autoretrato

Doisneau


Novelas da Globo, são mal escritas. Quem já não ouviu essa frase? Ou, ver novela, não é ver novela. Você pode estar lavando a louça, ou no banheiro cagando e se prestar atenção a um diálogo da novela, pronto! Já consegue imaginar até com que roupa e gestos o personagem disse aquela frase clichê.
Sei disso há séculos, que as novelas são bobas, mas todo brasileiro senta na tv e assiste a um episódio. Muitos de forma interessada, que sabem os dramas, quem são os vilões e por aí vai. Outros como eu, usam delas para evitar as conversas, algumas estimulantes e necessárias, e algumas vazias, vazias de carinho e atenção e outras onde você em torrente coloca para fora suas dores, e deixa o dia mais solitário e de coração partido (ótimo clichê de novela).
Todo mundo acha que o que preenche o vazio é o amor. Não é o amor, existe o amor próprio, esse já preenche a gente de uma forma, que mesmo não querendo sair do quarto e não querendo falar com ninguém, o amor próprio faz você se sentir menos sozinha, quando aquele homem importante liga pra você e pede para trabalhar com ele. Você percebe que é boa em alguma coisa.
Só que às seis da tarde existem as novelas, esses enlatados de felicidade que no Brasil nos empurram goela baixo. Com mais uma música chiclete, como essa nova versão que me tirou a atenção. No caso específico era: This is Love, versão de Corine Bailey Rae. E mais uma vez, lá estava eu, prestando atenção na cena, pela trilha de fundo que embalava. E a dor de amor, essa mesma dor que descrevi de forma visceral ocorre de novo. E o vazio é preenchido pelo sentimento de saudade e impotência. Nessas horas estranhas, de estremo calor, de lembranças felizes, de lembrar os momentos passados, com a pessoa por quem se apaixonou, fazem meu inglês ativar e compreendo a música, compreendo as frases clichês, que diversos roteiristas se põem a colocar pra fora. Entendo, SIM, as comédias românticas americanas. E me pego, como menininha tola a suspirar por ainda existir novelas bregas brasileiras e filmes hollywoodianos receita de bolo para ser companhia do meu pote de sorvete. Meu ombro amigo para dor de amor é só um pote de sorvete. E meus pensamentos, que vagam por aí e voltam pra mim, junto com a trilha sonora. Percebo o quanto não gosto e o quanto quero os clichês da vida, mal escritos e representados nas novelas, quero que eles existam na vida real. É como se impregnar do conselho dado pela vó fictícia: Dê uma chance. Chance para o amor cu, mas uma chance... A menininha interna só volta a perceber que o coração balança na mão, eternizando os machucados... Assim como o roxeado nas minhas pernas, que me fazem ter as lembranças mais marcantes.  E quando isso acontece, vem à torrente que fica mais presente com a música, e me faz pensar, no que escrevi há dias atrás... E meio engrenagem, meio músculo, a merda do coração descompassadamente bate, me lembrando de que eu sou mais dos mesmos, que não existem nós. Só que em mim ficam os nós do peito. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Amor CU

autor desconhecido - Dar o cu dói? Dói. Então é a mesma coisa... - Ah! Mas o que isso tem haver? Na hora que esta tudo dentro e em movimento esquecesse a dor.  Será que e assim mesmo? O amor, esse sentimento medonho, contagioso, aidético é doloroso e prazeroso como dar o cu. Bem, ao menos quando se come um cu bem, a dor incomoda passa para a sensação de sentir o outro pulsando dentro da gente. Como se o coração estivesse ali, irrigando você de um algo muito maior que a dor. Mas o amor, o amor nem sempre traz isso, ele carrega uma paz e uma guerra que não conseguem uma trégua. Como conjugar e respeitar as escolhas d'outros se em nós os impérios devem se pacificar e sair de sua crise rotineira, para com pactos parcos estabelecer a paz no pós-guerra. Dar o cu é o pacto pós guerra. Deu o cu uma vez e gostou vai sempre querer dar de novo, ele vira a rendição do já rendido e do amor. Mas amar, bem, se amou uma vez gostou e doeu, bem ai não se tenta novamente.  Volto a pen

TAKE AWAY

  

Escadas do CCBB

Contamos nossos segredos Em uma sala imaginária Onde todas as angustias são dilaceradas Nos resta apenas observar e aprender um com o outro Sempre valorizando o conselho dado A escolha feita por cada coração. Não importa os limites impostos Pela sociedade, nos acostumamos a quebrar. As nossas barreiras para as conversas Somos acompanhantes nesta selva De palavras que nos torna cada vez Mais amigos E o que nos liberta e aprisiona São as linhas, letras e formas tão Suas e minhas Que é quase impossível avaliar Onde começa eu ou termina você. (Ao meu amigo Dantas que não reconheceu seu verso em outro poema) Copyright @ Carmo Senna, 2006