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Mostrando postagens de 2011

Jingle Fell

autor desconhecido Tenho por mim, que a ceia de natal é o inicio de uma guerra fria, os destroços de aves, peixes e outras coisas, que me levam a pensar que tantos ossos, são  exatamente o que eu acredito ser o natal. Ao menos para mim, a 'festa' é o que deflagra as melancólicas olheiras a base de vinho extremamente doce e barato. Então dormi, dormi antes da meia noite, na espera de alguma ligação que me acordasse dos pesadelos entrecortados por espasmos que meu próprio corpo produzia. Criados esses, pela insatisfação do que é para mim natal. O que significa os desejos que as pessoas falam, que a família fala, mas o que realmente faz falta nesse dia? Acho que abraços de corpo inteiro, e o que o Noel não trás... Entretanto, nunca fui boa em cartas para o bom velhinho. Sou boa em escrever sobre meus desleixos, e principalmente, sou boa em quebrar a cabeça para por nos dedos os meus desejos para os outros, aqueles que a gente não confessa sempre, mas espera impacient

baldio

arte aborígene girando totem mudo o mundo vira implode estardalhaço manso onde felicidade na trave estanca lacunas de espaçamentos entre o fim e o antescurto circuito desassossegado que risca no murado sussurro que abre negro o momento pretérito que virão a ser  nascendo

ciao

munch Tudo que quero é tão pouco pulo mundo cadafalso escolho e me desfaço labirinto onde em todo fundo fundo infinitamente abismo de abismada escolha triste olho do cimo a ponta ponteágudos da minha voz rouca de entregar estrela ao mar vazio.

samo

  basquiat    Pedaço por pedaço monta-se espaço perdido amordaçado mudo por mudanças de um quebra-cabeça amaldiçoado que pulsa estilhaçado e faz do pulso tinta da tinta a coroa que transpassa fere rasgando o que de mim muro papel branco é matéria prima. same old shit* = samo

chasing light

kertés Não desligo o computador em meu quarto fazem anos, não entendo porque essa rotina. Não é vicio, não é por estar lá e conversar com quem não posso tocar. Simplesmente é eco. De uns tempos para cá tenho relembrado mais a gente, dos apelidos trocados e de como tudo mudou. Parece que não existe aquele fascínio de ficar lá me esperando falar, esperando minha próxima vírgula, gargalhada, música. No momento em que saiu por aquele portão, eu comecei a voltar as minhas raízes, escutar meus sambas, arrumar a casa, perfumar, trocar as flores e as roupas de cama, sabia que o próximo a entrar por aquela porta, e entrar na minha vida não seria mais você. Por que eu tinha tanta certeza? Não sei explicar. Mas carregava o peso comigo, como se carregasse um defunto que me esqueci de enterrar. Viúva de homem vivo é a pior das sinas. Viúva de marinheiro galego ainda mais. Pois sei que não sou a verdadeira, sou apenas mais uma das estradas. A limpinha, de família, falante... Entre

expletiva-se

O passado toma rumo volta ao presente e não crê que passa passando por mim rosnando dúvidas exclamativas   indicando em afirmativas   cobranças com futuros pretéritos ecos   do passado gelado que impera no presente   verdades dos momentos   mais-que-imperfeitos e no fim desmente e mente a palavra ficando no vão os subjuntivos perdidos da mente passada su blackwell

chamada

desconhecido falta faz falta e falta  feita faz  na alma  a falta da forma que na mente a falta  latente transforma  em dolorida falta presente. no fim amar traz falta da gente.

Prévert II

 lautrec  Chanson   Quel jour sommes-nous Nous sommes tous les jours Mon amie Nous sommes toute la vie Mon amour   Nous nous aimons et nous vivons Nous vivons et nous nous aimons Et nous ne savons pas ce que c'est que La vie Et nous ne savons pas ce que c'est que le jour Et nous ne savons pas ce que c'est que l' Amour . Canção Que dia somos nós Nós somos todos os dias Meu amigo Nós somos toda a vida Meu amor Nós nos amamos e nós vivemos Nós vivemos e nós nos amamos E nós não sabemos o que é a vida E nós não sabemos o que é o dia E nós não sabemos o que é Amor.

Orlando

soutine Entre as marolas e a espuma Meu rosto salpicado de sal Traduz alegria. De querer que o vento sopre Uma palavra ao tempo que traduzida em desejo Vira um século de beijos. E onde esta você Que dança a cima da minha cabeça Com a chuva, a banhar os cachos Que são como perolas em alto mar? Vai saber onde foi parar Sem caber de imaginar, Por quanto tempo Na vida tem para levar. E assim vamos saber, No fim da noite o sereno vem Nos velar, e assim deixar Envolto ao mar um amor De dois a passear.

Sulcos

  soutine  É algo tão específico, um violão de sete cordas, de madeira de jacarandá. Seria essa uma das minhas obsessões? Tenho algumas tantas, e outras tão poucas que olho pro prato de comida, e não esta completo. Os nutricionais diriam que meu prato de comida não falta especiarias, mas sempre falta! Pois fico entre hemisférios e oceanos, cidades, rotas, trilhas e, claro, sonhos. Hoje saio na rua com a cabeça erguida, e não com os olhos fugidios de quem fez algo de errado na noite anterior. É como se diz na gíria, amarra a bandeira na cabeça, e pela pátria. E meu país, próprio precisa sorrir. No caso o riso vem pelo sabor, o sabor dos outros é tão melhor misturados aos meus. Será que me tornei um produto, como tantos corpos? Ou fiz desses outros corpos um produto? “- Sabe do que eu gosto no conto? A falta de compromisso. É tudo muito rápido, sem formalidades, sem muito tempo gasto com apresentações e futilidades. É como um encontro casual, que dura só aquele temp

warm gun

soutine Não apaga a marca besta fera emparedada que borra o rosto com lágrimas doces da chuva que lava a carne putrefata ela deita e regurgita dor inteira sem nome deita e recosta boca no cano frio do revolver que o outro brinca com a sua insignificante roleta russa vida

Medo medo, peur peur...

Incandescente indecisão no peito arfante, que sôfrego caminha na escuridão dos desejos. Onde subjugo devaneios De outrora Transformando fantasmas em imensos hall’s de saudade. Que colhidos nos teus beijos febris onde delicados lábios Escondem mares profundos de destinos abissais. Que com meu corpo faz um címbalo sacro. Um instrumento reticente, mas amplo de expectativas infrutíferas nos pomares de meu vermelho  amor de madrugada.

4 Lunares

 pluto  cada dia uma volta estelar onde as cicatrizes aumentam trazendo as quatro novas bombas frias da guerra que você, soldado não travou. apenas desaguou no mar perpendicular de pó antes mesmo de ao chão chegar e evaporar os pesticidas tua pele já era comida. pelos que invadem a noite com os zumbidos frios das moscas origamis. e a parte mais significante de ser noite se perdeu no momento que virou: Luar!

Tristão por Isolda

   pollock  [Triste] [são] teus passos falseados em equilíbrio de bambos sonhos. Rodeado do trágico Destino eterno. De infinda alegria infeliz em todo finito. Apaixonado, por pés vermelhos na falta plástica de um nariz palhaço. Enganado, rejeitado sempre encantado. Na alma de poeta, cujo verso não correspondido vira doce deleite, acalentado, no momento que tuas mãos preenchem as minhas.                                          

Lixo

dave mckean Às vezes tudo é folha Em branco Manchada de tinta Azul ou preta Assim Como os sentimentos Humanos e mundanos. Cansados de driblar o destino Mas também querendo esquecer Que o céu e o inferno São o claro e o escuro. Deixa quieto o Mundo! Nada é o que deve ser O errado é bom? O certo nada mais é que Um malfeito melhorado? Tudo no lixo Poeira Sono Sonho Amor. Copyright @ Carmo Senna, 2006

"Felicidade"

dave mckean existe indivisível  entre mim e o abismo  a fila sem fim dos demônios descontes no amor   que não olham para baixo  por medo que seus amores  sejam monocromáticos  pois a felicidade  é formada com reticências e suspiros  nuances de cores dos seus olhares  outrora furtivos  desse modo não caminho  fico lá  louco sozinho perdido  esperando que constelações nasçam  do seu riso.   * "A Fila Sem Fim dos Demônios Descontentes no Amor" - pichação na parte externa da subida da Perimetral .

Braseiro de Ilusões

desconhecido   Num lamento calado Choram pelos cantos As meninas por perderem Suas bonecas Os amores por perderem Sua imensidão E nesse espaço de destruição Os escombros pelo chão Não vão machucar mais Pois a guerra finda nos corações. E com essas meias declarações Perdemos a verdade Disfarçada em subjetividades De carinhos implícitos E desejos explícitos... E assim Cada passo dado vira passado. Um passado, Salpicado de lágrimas Tentando desse modo Não adormecer e findar Como uma fogueira Sobrevivente ao furacão Que outrora fora Nossa primavera de alegrias E ilusões. Copyright @ Carmo Senna, 2006

Miss S.

betty friendan / desconhecido Miss S, Miss S, Se apaixonou por Lord P. Miss S, Miss S, Não consegue parar de sofrer. Ele lhe disse, ela leu e releu Aquela frase, que a preencheu. Miss S, Miss S, Se iludiu com Lord P. Miss S, Miss S, Ele não ama você.

Panem et Circenses

brassai Que dia foi esse Que te trouxe bela Serpenteando para dentro de mim Invadindo meus mundos com aquela imagem imperfeita Da sua perfeita forma Eu ali esperando                                                    um abraço Perdi-me em tantos braços Mas nos teus existe                                                       Espaço Onde me deleito E esqueço o cansaço Hoje vi que faltava um pedaço Na despedida nosso penúltimo contato meu coração Ofegante e disparado Notou abismado que Em todo lugar meus olhos Procuravam seu rastro Então o que é sentir falta daquilo que nunca                                                      Se teve É ter o peito dilacerado Toda vez que olho E vejo que não tenho                                                  Você ao lado

Eu, Modi

amadeo modigliani Meu corpo jaz sobre a neve E o branco do vestido da noiva Que me espera no fim da estrada De vermelho tinge a noite Os flocos caem sobre meu bebê E seu rosto respingado de azul Celeste, é o nome Pintarei seus olhos Quando neles descobrir o segredo De sua alma Meu corpo jaz sobre a neve Os passos que me precedem São ecos do meu futuro Do filho natimorto que carregaste no ventre sangue escorre por minha boca Meu rosto tem a maquiagem Borrada O pranto desfigurado Onde O eterno não é infinito Mas infinito se eterniza Em mim (Para Modligliani)

Blanco y Negro.

Renato Imasaki Antigamente me sussurravam Pelos cantos da casa grande: Você, jovem vagabundo É cidadão do mundo. E eu acreditei nessa falsa Verdade…  Todos os que quero,  lá foram! E eu que sonhei, com Castela, Cairo e Lisboa Aqui fiquei . O avião pousa e volta a voar. Dentro dele as areias que Coloquei em cada canto Escorrem como as espuma das Ondas na beira do mar.

le passé

carmô senna ser dessa sebe força é não esquecer que sentir brota sôfrego aos cálidos desejos de frias palavras e bocejos adejando ao vento o amor que não faz ser é sofrer pelos belos, olhos teus que não vou ver. (tentativa de construção pós manuel de barros: "O maior apetite do homem é desejar ser. Se os olhos vêem com amor o que não é, tem ser".)

manhã...

Uma manhã comum, onde me dirigia sempre ao mesmo café. Desde que Inês fora embora, não tomo mais café em casa. E religiosamente sigo para uma cafeteria charmosa ao lado de casa. Os garçons já me conhecem, eu sou o homem magro, de olheiras profundas. Ao menos acredito que eles sussurrem entre si essas palavras para alegrar o dia, pondo nomes aos clientes costumeiros. Meu pedido também nunca muda, basta apenas me sentar que eles vem me servir um croissant com queijo e um expresso duplo. Fico ali, por algumas horas da minha manhã, observando os clientes inusitados e os de sempre. Outra mulher, de meia idade sempre senta a minha frente, tem horas que a visão repugnante do modo como ela come me enjoa ao ponto de me fazer levantar, pagar a conta e ir vagar pelas ruas. Hoje é um dia comum! Ela esta lá, gorda, branca, de rosto vermelho, com o nariz de porco, vestindo sempre um vestido florido, de cores berrantes. Cabelo vermelho desgrenhado, dessas tintas que com o tempo vão ficando ala

Sonhos

http://andreacarvalhostark.blogspot.com/  Sempre é o vapor da chaleira que embaça a janela e turva a visão, que ainda semi serrados os olhos, procuram através dos rastros, os movimentos passados do soldado de chumbo. Rememorando a vontade de percorrer, pontes que se içam levando-me para cantos escuros, a procura do cheiro... E a manhã vem chegando mansa, e o sono permanece no corpo mais magro, mas de vontade inteira. Desejos são imperiosos, vontades não realizadas, carregam interno fogo brando, mas fogo. Há prazeres, que nos tornam escravos. E é pelo açoite d’água de um Nilo imenso, que bate a porta e invade canais desconhecidos que afogam-se vontades insatisfeitas. E o corpo vibra a lembrança do toque, da força bruta delicada de revirar de ponta cabeça qualquer reinado próspero, pois não há gozo maior que o poder de controlar entre ventres o magma que queima o corpo na erupção conjunta. E as marcas do pé no chão põem as cartografias de volta ao lugar. Os deuses pag

sais-je?

Francisco Guerreiro pela primeira vez tent'ontem imagem assola , de livros dei e dedicatórias deito que. não sei, nem quem fim seus novos. apenas comprovo sentimento estranho que cada dia mais, hoje, sou poeira. esfarelando-nos-os entre mãos, [in]visíveis doridas de mil patas nervosas que queira reter, vozes, peles, pelos, vezes de plusjamais toucher. faz-se sol, e me adentro ao ferro fogo. e grita: aplaca! dor que persegue dias.

nada.

mckean felicidade, vende-se em papel amarelado.

insône

tombe au Père-Lachaise daninha erva faz eras em veias rubras, de inatos sentidos. saaras perdidos de sonos rotos que escamoteiam camafeus pesadelos dos que não mais dormem.

belbellita

Mckean em nós, se refaz cordas teias essas tecelãs de tristezas que amarram as certezas em casulos ventre de infértil tempo.

A Espera da Dor

Algumas histórias de amor vistas por nós nos comovem pela tragédia ou nos aprisiona pela força que muitas vezes um personagem adultera pode ter no nosso imaginário. Como é o caso dos filmes sobre Romeu e Julieta e Anna Karenina. Que dão ao espectador a máxima de acreditarmos no amor não importa como ele nos apareça. E em Amor a Flor da Pele, a dor de amor se torna mais aguda devido ao desencontro e também ao encontro de um casal que daria certo juntos, mas são casados com outras pessoas, que aos olhos de todos nós crentes nesse sentimento não os complementam de forma alguma. O filme é obviamente uma homenagem poética ao que significa realmente amor, sem apelar para outros aditivos que nós sabemos ser necessários fora da tela de cinema e muitas vezes dentro da tela de cinema. Dentro do conflito principal do filme a traição e a não presença dos companheiros dos protagonistas da o tom e os caminhos que poderão ser tomados ou não no desenrolar da trama. Percebemos o quão frágil po

doença

Lautrec Era de ossos, apenas o corpo que ao lado ressona. feita da costela dele ela ainda sonha. e as sonolentas idas e vindas fazem frio seus atos transformando pecados, em pulmões infiltrados.

atilho

Picasso É a forma da boca que molda os olhos e aos suicidas não se batem sinos, rubros perseguem os tons onde antes futuro não mais existe.

delemus

f.f Rompe brutalmente, camada fina que os separa. e devora com dentes afiada carne ressecada e brota em ventre suas daninhas rosáceas.

balbucio

kandinsky Não bastam versos, pobres ritmados sonetos parcos, d’outrora mais apaixonados. Assim aprisionados, deixavam em ti assombrado, um ir e vir cadenciado de brotos enraizados de pesadelos furta cor dos seus olhos negro-fechados.

Jacques Prévert

[ http://www.mentondailyphoto.com/2011/01/la-pluie-la-pluie.html ] Café da manhã Ele colocou o café Na xícara Ele colocou o leite No copo de café Ele põe o açúcar No café com leite Com uma colher Ele virou-se Bebeu o café com leite E ele repousou a xícara Sem falar Acendeu Um cigarro Ele fez círculos Com a fumaça Ele colocou as cinzas No cinzeiro Sem falar Sem olhar para mim Levantou-se Colocou Seu chapéu na cabeça Colocou Sua capa Porque estava chovendo E saiu Na chuva Sem me dizer uma palavra Sem olhar para mim E eu pus Minha cabeça entre minhas mãos E chorei . Déjeuner du matin Il a mis le café Dans la tasse Il a mis le lait Dans la tasse de café Il a mis le sucre Dans le café au lait Avec la petite cuiller Il a tourné Il a bu le café au lait Et il a reposé la tasse Sans me parler Il a allumé Une cigarette Il a fait des ronds Avec la fumée Il a mis les cendres Dans le cendrier Sans me parler Sans me regarder Il s'est levé