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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Horas

Henri Cartier-Bresson sonho  no encalço coração tropeço, percalço enlaço lançado alto  caço pulsante  venoso arterial esponjoso amoleço pedaço padeço esperando esmoreço, e já amanheço.

The Dreamers

 Henri Cartier-Bresson É simples, o tempo se esvai levando para debaixo da terra, a poeira que o invadia. E são as amplas gavetas do quarto, as amplas gavetas que não podemos acessar, por estarmos boiando, ou melhor, orbitando ao seu redor que acaba por nos afogar, afogar de modo estrangulado. Juncos, raízes e brotos, fazem do tempo à hipotermia de quarenta graus acima de zero. A hipotermia causada pelo suor, que se mistura a poeira nas reentrâncias do seu corpo, que escorre criando uma lama, um momento movediço, uma não adaptação do eu para seu próprio eu-outro. E o lugar, que lugar é esse que queima a água-viva, que faz sertões e principalmente Tristãos, Ulisses, Romeus, que o transforma em Isoldas, Julietas, que o transforma nas palavras, que perpassa o eu-lírico masculino mais usual, mais pudico e comedido, para o grito espalmado em placas de aço, dela, dela que escreve tremula, que percebe que não escreve, reverbera. Que esta só! Junto com seu corpo nu, que toca seu

Wasabi faz tudo ficar melhor

Henri Cartier-Bresson É assim que Ana acorda. De calcinha e uma blusa folgada nem parece que esta em pleno inverno. O quarto é pequeno sem calefação, ela esta sentada no chão, com a mini geladeira aberta. Na parede, as suas costas têm um pôster gigante do Bob Marley. Seu café da manhã como sempre é um pote de sorvete e Wasabi. Mergulhada mais uma vez em suas convulsões literárias, ao seu redor esta parte dos países que deflagraram a última guerra mundial. Todos lidos e engordurados, com a mistura que esta na sua boca. Seus olhos estão vazios outra vez. Ela dorme no chão, um dos livros servindo como travesseiro, seu corpo esta grudento de suor, comida, guimbas de cigarro. Com suas cinzas deixando a pele com um colorido diferente. Há essa hora o frio é menos intenso. E o gato entra pela janela, que esta meio aberta expondo o mundo. Ele lambe o rosto de Ana, ela vai despertando aos poucos, pensando que é algum ser mítico ou apenas um homem, que a lambe seminua. No seu delírio sexual

9 Crimes

Frida Em queda, e com medo. as asas queimam, relembrando os crimes cometidos. Com as cinzas das cartas que antes de ti, o corpo ainda escrevia Deixando o rastro do oroboro destino falho Que prenche o céu de fragmentários meteoros incandescentes Que caem cadentes Em seu continuo pulo De vencer a gravidade de uma vida consciente de andar armada e engatilhada que tenta esconder nos poros Seus desejos prenhes.