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i'm not there... by your side



pollock

Já foi dito  inúmeras vezes aqui, que sou feita de palavras, livros, prosas, poemas e conversas... Isso nunca fora tão pungente e tão inteiro. É como construir castelos de areia em micro ampulhetas, e espalhar minha Alexandria em vários múltiplos corpos, casas, pessoas. Acho tão lento e ao mesmo tempo tão veloz o tempo. Ganho pessoas perco pessoas e mais uma onda me toma de assalto. Agora eu estou me achando à deriva, flanando por dentro de mim dando voltas e mais voltas nos meus próprios labirintos sentimentais, sem medo da besta me alcançar e me levar, sem medo de estar na escuridão.

Adoro o escuro, não fui forjada nele, mas me acostumei a ficar lá. E mesmo que digam que eu predominantemente escolho a tristeza, é dentro do negro total, do silêncio total do mundo estático no universo encontro paz para a dor, mesmo que o espectro meu, esteja mutilado.

O mundo entorno acredita num sentimento potente e ao mesmo tempo uma bomba atômica, contida no peito que pode explodir a cada instante fazendo do corpo uma Hiroshima em flor. O amor pode conter numa simples gota de lágrima toda a dor e toda felicidade do mundo. Enquanto uns choram os amores perdidos, os amores perdidos encontram-se em novas alcovas, com seus desejos saciados. O amor trocado chora a parte do corpo amputada pelo findo desse sentimento. O amor que trocou, sorri pelo suor do gozo do novo.

Uma das coisas mais doridas para quem sofre de amor é a mentira  ver sua linda ilusão desabar ao chão e explodir em milhares de bolhas de sabão. Pois o que considera concreto é passível de ruína. E você vive seu pesadelo pessoal, relembrando do outro, que esmorece ao seu toque. E assim, se percebe sozinho dentro do navio que afundou morto de hipotermia, em uma criogenia de sentimentos e lembranças que só podem ser varridos com o tempo. Que nessas horas não ajuda em nada, já que passa lento e queremos a rapidez da flecha de Tânato para a morte dolorosa ocorrer.

Eu vi e senti a pacificação no peito, no momento que se ama por inteiro, se tem ciúme e pela primeira vez se faz pertencer ao outro. Caímos no mundo imaginário de que essa pertença basta... Só que não, ela não lhe dá garantias de verdade, ela apenas estica a corda antes que você se afogue nos braços régios da mentira.
Só que existe sempre ela! O reverso da moeda, a Rainha, com cortem a cabeça. Que no meu caso brinca com unhas felinas no meu peito arranhando com um ronronar traiçoeiro antes de transformar meu coração numa bomba de mão. Basta! Futuros e os presentes não fazem mais o que propunha o passado. A única pena é ver transformada em alma perdida aquela que um dia em contato com outro era tão certa de seus passos.

Encerre então em um ponto final o que cresce vertiginosamente e não estanca sem ceifar. 

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