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poussière étoiles - Ludivc Florent


Um poeta escreveu uma vez que todas as cartas de amor são ridículas. E elas são! Mas, o que seria de nós seres apaixonados sem essas cartas.  

Toda manhã sigo um ritual, faço meu café forte, pois quando sinto aquele aroma, tudo em mim desperta e principalmente o sorriso, sorriso esse que andava escondido, nublado como o Rio. Até você chegar...  

Não consigo deixar de lembrar, quando fecho os olhos, o que me falou dos seus óculos de grau, como se sentia desconfortável e como isso mudou quando ouviu um cineasta dizer, que os óculos trazem o enquadramento necessário e que sem eles, ele se sentiria perdido. Fiquei olhando para os seus, e até agora me pergunto que enquadramento devo ter no seu filme mental? 

Consigo ter a mesma sensação da primeira vez, o nervosismo, a urgência de querer encostar em você e não saber como, nem por onde começar. E aquele cheiro, cheiro de grama molhada e café fresco, que me esquentava por dentro e mesmo assim dava arrepios.

Meu dia-a-dia ficou diferente desde que você chegou e abriu um espaço para mim. Levantar toda manhã e passar o café, me dá a melhor sensação do dia... Meu café traz seu cheiro, cheiro do nosso momento infinito.

Suprimimos o nervosismo, nos arriscamos e continuamos. E foi a escolha mais sabia que tive, numa vida de escolhas erradas. Estar com você era o que importava. Os risos, as coincidências, as fragilidades, os medos... Não os medos do que pode acontecer amanhã, mas o medo dos “se” que começariam a surgir. Mas naquele momento, no momento em que a teoria física é derrubada, pois dois corpos ocupam sim o mesmo espaço, nada era relevante e tudo que tinha nós dois eram. Morremos não uma vez, mais algumas vezes um no outro, para renascer mais insaciáveis.

O brilho estampado das gotas do suor, emolduravam teu sorriso como pequenas supernovas prestes a criar galáxias. Galáxias que eu podia tocar com as pontas dos meus dedos. E eu, eu sou uma astronauta visitando um universo de possibilidades enquanto sua língua fazia a cartografia do meu prazer. 

Vivo, hoje, nas cercanias do sonho e do desejo, percorrendo cada curva do seu riso e de suas angústias com a boca em frêmito deleite de saber que por alguns momentos não mensuráveis, nós dois somos apenas duas pessoas que juntas, são capazes de dar outro significado a formula química da cafeína. 


Se não consegue ver o como somos inteiros quando juntos, devo avisar ao poeta que não sei escrever cartas de amor ridículas.  Mesmo que nesse momento, seja a única coisa que possa fazer, para dizer: 

eu estou aqui, eu ficarei aqui, pois não existe nada que mude minha vontade de permanecer.

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