Existem vários momentos e o meu não há...
Vestido de preto alheio ao mundo, Ele escondia seu buraco profundo dos olhares fugidios das moças virgens. Sentado ali, solitário ele ansiava por uma caneta. Por não mais sentir o fervilhar das palavras, perderá o hábito de andar com algum toco de coisa que escreva. Há aflição era tamanha que queria escrever com a própria unha na mesa de madeira. Talvez assim como os artesãos esquecidos, deixasse para a posteridade um entalhe bonito do que foi sua vida extremamente triste.
Acompanhava com o olhar os pequenos detalhes do cotidiano. O menininho de cabelos cacheados que segurava a mão do pai e da mãe com um sorriso iluminado. O casal de namorados que mesmo separados por uma mesa quadrada se esforçavam para roçar os dedos um no outro, como se aquele calor e aquele gesto simples fosse um farol de pertença. O senhor, que pelas ruas leva um bouquet de girassol para a sua eterna namorada. Impecavelmente vestido, ele é ela laureando a idade ainda com ternura.
Olhando para baixo, vendo os transeuntes e um eco de um amor perdido e encontrado, ali no meio de tantas milhões de pessoas, no centro de um centro cultural. É a lembrança cartográfica daquele cenário de tempos idos, não mais vividos. Apenas nostálgicos, para a menina que acreditava que largando o novelo de lá vermelho, conseguiria esticar-se para em algum momento o retorno da valsa desajeitada dançada num minúsculo conjugado de Ipanema.
Tudo uma memória pulsante, de diversos amantes, e raros amores, todos ali, passando a trinta e quatro frames por segundo. Na retina fechada do pobre inválido de alma, sentado a observar seu tempo e seu passado.
Ele suspira! Pois, nada acontece por acaso, tudo que estranhamente o aprisiona o liberta. Já que lhe resta a penas o sonho, do corpo colado, do retrato íntimo que ele fez dela. Mesmo que nunca mais entre naquele quarto, naquele motel, naquele corpo. Sua vontade extremada lá fica...
Mesmo que o tempo passe, Ele sabe! Dois amores não nascem inteiros no mesmo século para a mesma alma, dois raios não caem no mesmo lugar.
Abra seu guarda-chuva a tempestade começa no instante que resoluto ele levanta e abandona, ali o ultimo átomo de esperança de sua guerra particular.
Comentários
Postar um comentário