Demorei a perceber que me drenava as alegrias e
apenas me engordava de palavras doces. Com seus cabelos branco neve, sua
vaidade exagerada e uma irritante mania de crer que o mundo está contra ela.
Assim, acabei por amá-la.
Um erro poroso como sua pele, essa mesma pele
que sempre salienta estar maltratada para explicar a vilania do mundo. No
momento que abri a porta do quarto ela se instalou. Bem... falando desse modo,
parece que a encontrei a beirada do portão implorando um prato de comida. Não
foi assim!
Ela sempre esteve aqui, antes mesmo do meu
nascimento. E hoje, creio apenas ter nascido para lhe ser útil. Mas, não vou
fazer tantas digressões, vou voltar ao “fado”: Ela mora no meu quarto. E seu
prato de comida hipotético são todos os meus sentimentos. Que com voracidade
ela baqueteia-se até que eu esteja esquálida de um substrato primordial chamado
AMOR.
Eu possuo, ela não!
Por isso, quando colérica me insulta, me
espanca, me ameaça e eu, eu apenas paraliso. Seus cabelos viram uma juba, ela
se torna totalmente selvagem e perigosa, nesses momentos sinto meu coração se
esforçar para bater, pois não sei se posso. E essa guerra atômica que me
invade, só consigo chorar copiosamente e no choro descobrir temê-la.
Uma bruxa mora no meu quarto e muitas horas é
chamada...
Intrigante e verdadeiro!
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