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Lunações

Para poder tocá-la tenho que fechar meus olhos e esquecer-se do mundo ao redor, pois é naquele momento em que não sabemos se estamos acordados ou sonhando é que seu corpo fica mais palpável junto ao meu. Sob meus dedos sinto seus negros cabelos de fios grossos, e algo em mim, que vivo com frio se aquece. Sei que quando a sinto perto e meus braços a envolvem num abraço polvo, o mundo não tem guerras, não tem fome e muito menos miséria.

Seus sonhos alimentam o mundo e eu me sinto forte em tragar seu momento puro. Mas, basta o despertar para que a sensação se vá e a cama vazia resta ao meu lado, fria e imaculada sem a agitação cadenciada de sua respiração. Já, contei que o que mais gosto esta justamente em seus defeitos tolos. A forma como irritada fica, e balança a cabeça em negativas leves, ou quando sei que comigo não esta, pois nenhuma declaração ridícula a tira do seu momento cinza.

Tento caminhar ao lado dela, para ver se o amor que tenho contagia seu rumo e faz com que infinito é, ande e expanda mais os seus limites. Entro em plena agonia, quando seca fica e não consegue transpor a vereda que os dias distantes nos causam, já que ela, não sabe, mas precisa da constante presença da minha mão a segurar a sua. Gostaria de dizer, que mesmo que não sinta a fricção da minha pele sobre a sua, estou lá. Ela me impregna de seu cheiro, de seu riso e sua loucura. Bobo, eu me acostumo a ficar.

Irrita-me seu silencio, pois não posso ser dono desse domínio.  Eu não posso ser dono de nada, pois governado sou por seus anseios e desejos. Ando por ai, sentindo o novo, o medo do projeto, o medo do futuro. Mas me deleito do presente que ela me impôs. Voltei ao meu estado de escrita, onde não sei ser nada além de palavra e não consigo traduzir nada mais intenso que não caiba em uma frase.

Acho que agora bate o medo, pois a realidade dura me afasta dos sorrisos e olhares luminosos dela, quando se transveste de criança e brinca com meus sentimentos. Sempre me levando ao riso ou ao choro, mas me levando a algum lugar, mesmo que abstrato onde estar não é tão desconhecido, do que não ter.

Vivo, com a lembrança de sua forma e com a substancia de suas fases. Vivo esperando as marés que seu corpo porta e faz tudo ao redor ser nada mais que tempo.


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