Estarei eu virando uma alcóolatra
as escondidas? Não sei ao certo, sei que bebo, direto da garrafa, sem nenhuma
etiqueta, saco a rolha e bebo, bebo goles longos, até sentir que meu sangue é
mais vinho que sangue e que uma gota escorre no canto da boca.
Deveria minha família investir na
minha reabilitação, sou altamente venosa para os transeuntes ou para os que
convivem comigo. Veja, estão todos doentes, esfarelados, fragmentados.
Escolhendo as saídas mais fáceis, as coxas mais definidas, o sexo, no mesmo
espaço. Bom ou ruim, amor não existe mesmo. Existe os sentimentos loucos e
doentios, deixados como tapas bem dados, que a puta pede dizendo – mais forte,
mais forte. O prêmio é a marca, estar marcada como gado, como produto com código
de barras.
É insensível, não por opção, mas
por imposição. Renegada ao vinho, aos comprimidos e ao sono confuso. Sem
sonhos, sem nada. Só aquela massa compacta de incertezas e de correntezas que
seu Estige impõe. Para que o Olimpo se o mundo inferior é mais vasto do que o
céu e os sete mares juntos? Talvez esse pequeno detalhe grego, agrade alguns
leitores. Mas o que agrada ao autor? Nada! Tudo está tão trivial, que coloquei
a roupa que nunca quis usar
dispensei as musas e suas inspirações, fiquei com o silêncio barulhento da minha mente. Que canibaliza toda a possibilidade de hoje, e regurgita toda a impossibilidade de amanhã.
dispensei as musas e suas inspirações, fiquei com o silêncio barulhento da minha mente. Que canibaliza toda a possibilidade de hoje, e regurgita toda a impossibilidade de amanhã.
Desdobrando os atos, como um
castelo de cartas a desmoronar. Pobre inocência mastigada e dada aos porcos
como boa ração. Pobre sentimento de amizade, que se desfaz como um torrão de açúcar
em um chá extremamente quente. Pobre vingança, que não se pode executar com as
próprias mãos, pois minimamente necessita de colaboradores que só achará nos
piores submundos da camada da sua alma. Palavra bonita essa, não? Alma! Creio
ter de me despedir da minha, para conseguir ir adiante, sem mais me importar em
toda merda que terei que pisar. Não gosto de saltos altos, minha escalada será
com meu all star preto. Vou limpando o pé a medida que caminho, talvez encontre
uma estrada mais limpa, e se não achar tudo bem. Já, estive no pior dos mundos
e não tenho medo dos esqueletos que guardo. Mas e você que me lê, não tem?
Creio que se ficcionasse cada uma
das suas confissões, desnudaria toda a sua pompa, puritanismos, sexualidade,
ser... Aí voltaríamos para a história das máscaras, que os homens usam em seu
dia-a-dia. Gosto de mascaras, gostaria de ter milhares delas, das venezianas. E
poder caminhar pelas ruas egocentricamente vestido com suas faces, horas
tristes, horas alegres. Mas fique sabendo, não há anjos ou santos quando eu as
coloco. Existe sim o sorriso zombeteiro, de quem já tem mais idade do que
realmente aparenta ter e não vê hora de dar fim ao mundo. Soprando por aí os
ventos das discórdias que todos nós socialmente escondemos.
Você não percebe? Eu fui ao mundo
inferior, não com um proposito heroico, eu fui para lá ficar e não regressar. O
que regressa, hoje do Estige é algo completamente diferente do que fora, é algo
que se transveste de cortesia mas vive por se lambuzar nos erros e quedas d’outros.
O que pergunto a você, caro
leitor, o que fizeste comigo?
Comentários
Postar um comentário